Borboletas asas-de-vidro se reúnem em aglomerações misteriosas no Paraná

Aglomeração da borboleta Epityches eupompe Adolf Carl Krüger Um espetáculo natural tem chamado a atenção de pesquisadores e cientistas cidadãos na Serra ...

Aglomeração da borboleta Epityches eupompe Adolf Carl Krüger Um espetáculo natural tem chamado a atenção de pesquisadores e cientistas cidadãos na Serra do Mar paranaense: a aglomeração de borboletas asas-de-vidro (Epityches eupompe). O fenômeno, ainda pouco estudado e com apenas três publicações científicas recentes, ocorre em pontos muito específicos da Mata Atlântica e intriga especialistas pela regularidade e mistério. As primeiras observações foram feitas em 2011, pelo biólogo Adolf Carl Krüger, professor da Secretaria de Educação do Paraná e colaborador do Museu Botânico do Jardim Botânico de Curitiba. Desde então, registros em Piraquara e Quatro Barras, ambos na Região Metropolitana de Curitiba, têm se repetido anualmente no inverno. Espetáculo natural foi flagrado à princípio no Paraná Adolf Carl Krüger Além do Paraná, já há confirmações em outros estados: dois locais em São Paulo, um em Santa Catarina e outro no Rio Grande do Sul. “Todos os pontos conhecidos tiveram as primeiras observações feitas por cientistas cidadãos, indicando a importância da participação popular. Além disso, todos são em Floresta Atlântica e com a mesma espécie de borboleta”, diz o biólogo. Aglomeração de borboletas asas-de-vidro (Epityches eupompe) Adolf Carl Krüger Por que no inverno? Uma das hipóteses para a escolha da estação fria é a busca por proteção climática. Segundo Krüger, as borboletas procuram áreas abrigadas contra o frio, dispersando-se quando as temperaturas sobem. De acordo com o especialista, os pontos onde os fenômenos foram observados provavelmente têm características ambientais ideais para as borboletas. Locais tem milhares de indivíduos da mesma espécie reunidos Adolf Carl Krüger “Eles são em vales protegidos com fontes de água. Nos dois pontos estudados foram encontradas plantas hospedeiras das lagartas da espécie em grandes quantidades, o que talvez tenha relação com o fenômeno”, relata Adolf Krüger. Embora cada aglomeração envolva apenas a espécie Epityches eupompe, comportamentos semelhantes são vistos em outras borboletas. No Cerrado, espécies da tribo Ithomiini formam “bolsões” em áreas úmidas durante a seca, enquanto no Hemisfério Norte, a famosa migração das monarcas (Danaus plexippus) reúne milhões de indivíduos em grandes concentrações. Importância e conservação Ainda não há consenso sobre a função ecológica do fenômeno, mas observações já registraram acasalamentos no meio das aglomerações. Para os pesquisadores, isso pode indicar relevância para a reprodução e sobrevivência da espécie. Uma das hipóteses para as aglomerações é a busca por proteção climática no inverno Adolf Carl Krüger A principal medida de proteção da espécie e de suas aglomerações, destacam os especialistas, é preservar a Mata Atlântica - bioma mais ameaçado do Brasil e único habitat conhecido para a Epityches eupompe. Em novembro, o 8º Encontro de Observação de Borboletas deverá trazer novos dados sobre o fenômeno, reunindo pesquisadores e observadores interessados em desvendar os segredos das asas-de-vidro. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente